Sofri, mas me Diverti!
- Breno Gomes
- há 3 dias
- 5 min de leitura
| Race Report: IronMan 70.3 Floripa 2025 |

Quando o sofrimento é certo (fazer uma prova desta já está embutido o sofrimento), o que você faz com ele é o que te diferencia. Esta dica serve para sua vida, inclusive. Pesada foi a preparação, a prova foi diversão! Esta era minha única certeza no IronMan 70.3 de Florianópolis 2025.
Nos momentos mais críticos, onde as pernas já estavam desconectadas da cabeça, eu cantava, sorria (para enganar o cérebro!) e pedia à torcida aplausos (e eles nos davam com alegria!). Ter saúde, disposição e disciplina para treinar para uma prova desta não é para todo mundo. O suporte da Camila foi essencial, assim como a empolgação das meninas: “Papai vai fazer IronMan”. Parceria nos treinos do meu primo-irmão, Pulga. Apoio e preparação indispensáveis na Propulse, na figura do Igor e do Nuno. Dicas imprescindíveis do André Paranhos e do Fernando Assumpção. Tudo conspirou a favor e lá estava eu em Florianópolis para fazer a prova! Vamos ao famoso: “Race Report”!

Chegamos dois dias antes e foram fundamentais para adaptação à cama e ao travesseiro (meu maior problema em viagens) do hotel! Dormi bem e cedo! 7h17min, poderia ser mais, mas acordar 4:30 da madrugada atrapalha um pouco. O sono é, sem sombra de dúvida, o principal doping legal de qualquer atleta! Tempo agradabilíssimo, sem sol forte e nublado. Bora fazer força!
Desde sexta haviam dúvidas se teríamos ou não a natação (comum na Praia dos Ingleses). A previsão era favorável e eu tinha certeza que teríamos! Por incrível que pareça, o fato de nadar na infância (até os 12 anos fui da equipe do Minas Tênis Clube) me trouxe uma tranquilidade que não conhecia neste esporte. Hoje afirmo que estou gostando, de verdade, de nadar. Meu trauma com a natação vinha do fato de nunca ter ganhado nada! Sempre chegava em último nas provas. Perder faz parte, mas perder sempre é insustentável. Aqui existe uma importante reflexão… eu era ruim me comparando com os colegas da equipe do Minas! Caso me comparasse adequadamente com o restante das crianças da minha idade, eu era excelente! Não subestime seu potencial! Tudo depende da referência. A natação tem sido uma grata surpresa no triatlo, pena que é a perna curta da prova!
Havia treinado muito bem e as provas mais curtas que fiz de natação foram bem tranquilas. Estava confiante, apesar de nunca ter nadado no mar. Confesso que tenho aflição de nadar no mar. Entrei com ele agitadão, mas fui muito bem! Tudo controlado o tempo todo. Sai da água em 10o. lugar na minha categoria! 27:08, 1’42”/100m, 1581m (foi mais curta que o programado)! Um baita resultado! Concluindo, os treinos na infância foram essenciais! Os benefícios daqueles treinos às 6h da manhã na piscina gelada do Minas (nem sonhávamos com aquecimento) na década de 80 foram me trazer resultados só agora!
A transição (natação > ciclismo) foi sem correria, sossegada, mas óbvio que esqueci de colocar meu velocímetro na bike! Pedalei sem parâmetros, apenas com a percepção de esforço mesmo. Coisas de marinheiro de primeira viagem! Só vi quando comecei a pedalar! O ciclismo é o meu ponto fraco no triatlo… comecei a pedalar este ano (11 de janeiro para ser mais preciso) em bike de estrada (road) e clipado (sapatilha presa no pedal) há apenas alguns meses. Pouquíssimo volume durante o treinamento e um rolo (para treinos em casa) bem simples e que não me oferece dados efetivos. A minha bike é extremamente simples, mas cumpriu com brilhantismo sua função de apresentação ao esporte. O trajeto de bike de Floripa é sensacional e rápido! Algumas subidas, mas a grande maioria plano. Na saída da primeira transição, muitas bikes! Fui um dos primeiros a sair da água! Na segunda transição, para iniciar a corrida, muitas bikes também, ou seja, centenas me ultrapassaram no ciclismo! Teve de todo jeito! Bikes TT (específica do triatlo) que pareciam naves, bikes road (aquela de estrada tradicional, igual a minha), homens, mulheres, magrinhos, magrinhas, gordinhos, gordinhas, velhinhos e velhinhas, quase todo mundo me ultrapassou! Me senti como na natação aos 12 anos… Triste? De jeito nenhum, já amadureci um pouco… Aprendi a me comparar conscientemente e com o ponto de referência certo! Se quero melhorar no triatlo, o ponto chave é a bike! Tá fácil! A diferença entre minha bicicleta (road) e as TTs existe sim, mas o principal na minha performance foi a quantidade e a qualidade do meu treino, sem dúvidas. Seria muito cômodo para mim culpar a minha bicicleta pelo rendimento na prova, mas não terceirizo a responsabilidade que é minha! Mesmo assim, fiz em um tempo que não esperava! 2:52:17, 90Km, achei sensacional! Média de 31km/h! A Corsinha voou, mas me cobrou o preço na corrida!

Transição para a corrida sossegada também! Correr nunca foi um problema para mim. Aqui, cometi um erro crucial que o Vinícius Santana da Ironguides fala constantemente no seu excelente canal do YouTube (também me ajudou demais): “Sempre saia em um ritmo mais lento em todas as modalidades e ajuste depois”. O juvenil careca aqui saiu para a corrida empolgado e como se não tivesse 21Km pela frente… Torcida, tempo que não esperava na bike… almejei um tempo que é um dos grandes desafios no 70,3, um sub-5 horas. Os primeiros 4Km da corrida, forcei muito… esqueci que havia nadado 1600m e pedalado 90Km… cheguei a fazer 4:20 de pace (muito forte) no quilômetro 3. Resultado da inocência… cansei e tive que desacelerar muito para chegar bem (sempre o meu principal objetivo). A corrida é feita dando 3 voltas em um trajeto de 7Km, todo plano, mas com chão de asfalto, pedras, terra… a cada volta, para controle da organização e dos atletas, você recebe uma pulseira colorida (azul claro no Km 6, laranja no Km 12 e rosa no Km 18). Na corrida, a força da comparação bate forte. Quando iniciei, já tinham atletas com 2 pulseiras, ou seja, já estavam na última volta. Eu, sem nenhuma pulseira, sofria, mas seguia rindo! Na minha última volta, já com três pulseiras, cruzei com atletas sem nenhuma! Novamente, escancarando que precisamos regular muito bem nossas comparações. 21Km em 01:44:30, pace médio de 4´57”. Aqui, outra reflexão… muitos que lerão este texto e que correm, vão achar meu tempo espetacular, e foi! Novamente, é o ponto de referência que conta.

Terminei a prova com o tempo oficial de 5:12:59! Isso mesmo, mais de 5h de exercícios intensos! Sofri, mas me apaixonei! Principalmente com o processo para chegar até lá. Acordar de madrugada, reduzir (abolir) drasticamente o álcool, testar a nutrição, hidratação, reposição hidroeletrolítica, companheirismo nos treinamentos, curiosidade dos amigos… Achei sensacional! Outra coisa que me chamou muita atenção foi ver a turma de 60, 70 anos completando a prova e bem! Agora, mais do que nunca, enxergo o esporte como ferramenta fundamental para minha saúde e qualidade de vida no futuro. Seguirei “intimando” todos os meus pacientes a se exercitarem. Meu objetivo é ser campeão aos 70! Ainda faltam 21 anos de treinos para eu ficar bão!







Parabéns primo....... esqueceu de dizer que no Minas vc era fundista. Lembra que me contou ? Todo mundo parava e vc continuava.... abração procê
Parabéns, Breno! Acho impensável treinar para 3 esportes diferentes. Já tenho dificuldade para treinar só para a corrida. Fiquei muito feliz pela sua conquista. Além de tudo, fez em um ótimo tempo. Grande abraço, Oscar.
Sensacional!! Parabéns pela prova. Vamos juntos na próxima. Abs