“Se eu internar um dia…
Vou morrer é de medo.”
Prof. Luis Otávio Savassi Rocha
Todos nós já nos deparamos com casos de erros relacionados a assistência em saúde, seja em pessoas próximas ou na mídia. Ao estudar o tema, nos deparamos com um problema bem maior e assustador do que imaginávamos. Resolvi discutir este assunto para sugerir medidas práticas efetivas de segurança durante uma internação hospitalar. Atualmente, temos exemplos de instituições que encaram a segurança do paciente como prioridade e com profissionalismo. Diversas áreas possuem gerenciamento de riscos e de segurança profissionais, muito bem estabelecidos e eficazes. Nos hospitais, ainda estamos distantes de oferecer segurança real aos nossos pacientes. Como exponho a seguir, muitas vezes, prejudicamos mais que ajudamos.
Desde 1999, com a publicação do livro, “Errar é Humano: Construindo um Sistema da Saúde mais Seguro”, nos EUA, inúmeros trabalhos vêm expondo as fragilidades do sistema hospitalar pelo mundo. A realidade nua e crua é assustadora. Pouquíssimos hospitais brasileiros encaram esta realidade de frente e com a devida importância. Seguem alguns dados:
40% dos pacientes internados sofrerão um evento adverso durante a sua internação.
1-13% irão falecer devido a um evento adverso evitável.
Nos EUA, estima-se que as mortes relacionadas à assistência ao paciente seja a 8a. causa de mortalidade geral. Supera os acidentes automobilísticos, o câncer de mama e a AIDS.
No Brasil, estima-se que tenhamos aproximadamente 61 mil óbitos por ano devido a eventos adversos evitáveis na área de saúde.
O erro é analisado de maneira amadora e equivocada na grande maioria das instituições de saúde. Achar um culpado é o primeiro passo para o insucesso. Na maioria das vezes, não existe uma pessoa culpada e sim, um processo ou uma estrutura errada. Mandar embora, humilhar ou rotular uma pessoa é o mesmo que empurrar a sujeira para debaixo do tapete. Mudar a pessoa é muito mais fácil que mudar um processo. Encarar o erro na instituição como forma de aprendizado e oportunidade de melhoria, demonstra o amadurecimento na gestão de qualidade.
Felizmente, algumas das nossas instituições já estão se movimentando para mudar esta realidade. A batalha vai ser dura e longa mas precisamos iniciar o processo localmente nas nossas instituições. A participação do próprio paciente e dos familiares no processo de segurança do paciente torna-se vital.
Na prática, ao escolher um hospital para realizar seu tratamento, ou de um ente querido, tome as seguintes providências para minimizar o risco:
Tenha uma equipe médica de sua confiança no hospital (ponto principal).
Não escolha o hospital apenas pela fachada ou hotelaria. Hospital, infelizmente, não é hotel (óbvio que são serviços importantes mas não podem ser os principais determinantes da escolha).
Esclareça todas as suas dúvidas com a equipe médica e de enfermagem, mesmo as mais simples.
Cuidado com o Google! Informação sem formação só gera medo, angústia e mais dúvidas ainda.
Faça uma lista de todas as medicações que esteja utilizando (nome, dose, horários). Mostre-a para a enfermagem e para os médicos.
Envolva-se com o tratamento proposto. Questione sobre as medicações prescritas (tipo, dose, horários, duração e efeitos colaterais) e exames solicitados (indicação, real necessidade e benefícios).
Cobre a higienização das mãos de todos que entrem no seu quarto. Não é chatice, é segurança.
Cobre a aferição dos dados vitais (pressão arterial, oxigenação, frequência cardíaca e respiratória).
O hospital preocupa-se com a sua segurança? Possui uma Comissão de Segurança do Paciente?
Tomando estas medidas simples, sua internação será muito mais segura!
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