
Atendemos mal porque recebemos pouco ou recebemos pouco porque estamos atendendo mal?
A grande maioria dos colegas alega que faz um atendimento rápido e superficial devido a má remuneração. Vivem reclamando mas seguem, passivos, dentro deste ciclo vicioso. O problema primário é realmente a remuneração? Obviamente nem todos os colegas se enquadram neste perfil.
Hoje, avaliaremos o atendimento médico de um outro ponto de vista: o do cliente. Em qualquer prestação de serviço, o consumidor paga pela qualidade percebida. Será que as consultas oferecidas pela maioria dos médicos vale R$ 50,00 (cinqüenta reais)? Você pagaria este valor por uma consulta de 10 minutos com muitos exames e nenhuma atenção? A má remuneração não pode justificar a péssima qualidade do atendimento que estamos prestando aos nossos clientes.
O que percebo é um notório desconhecimento das noções básicas de marketing cujo principal objetivo é a satisfação do cliente (em outra postagem discutiremos um pouco mais sobre marketing em serviços de saúde). A remuneração tem que ser a conseqüência.
No mercado, a melhoria da remuneração ocorre pelos seguintes motivos:
Aumento da demanda.
Aumento qualidade percebida pelo consumidor.
Redução da oferta.
Serviço inovador.
Realizei uma extensa busca em livros de gestão, marketing, auto-ajuda, esoterismo e até de esportes mas não encontrei nenhuma associação de queda da qualidade com melhoria da remuneração. Acho que nossa classe está tentando construir uma casa começando pelo telhado.
O ponto crítico desta discussão é o desconhecimento dos valores do serviço médico pelas partes interessadas. O paciente raramente sabe os valores repassados ao médico e a grande maioria dos médicos também desconhece o real valor da sua consulta. A ignorância de médicos e clientes coloca as rédeas nas mãos das fontes pagadoras (extremamente profissionais nesta área). Precisamos conhecer melhor as características do nosso serviço para negociarmos de igual para igual e exigirmos qualquer melhoria.
As lutas por melhores salários é muito justa desde que o prestador faça por onde. Quem paga quer resultados, principalmente o cliente final. Paralisações em busca de melhores salários não resolverão o problema nunca. Atitudes consistentes, organizadas e reais são bem mais importantes nesta busca.
Sugiro que façamos nossas atividades médicas com excelência, tratando nossos clientes com o máximo de atenção e da melhor forma possível. Precisamos trazer os clientes para o nosso lado novamente.
Os passos naturais e lógicos do processo devem ser os seguintes:
Atendimento de qualidade e efetivo.
Reconhecimento do cliente.
Coleta dos resultados.
Reconhecimento da fonte pagadora.
Cobrança de melhoria da remuneração.
Só chegaremos a uma remuneração justa através de atitudes no dia-a-dia e não de divagações sem embasamento e de devaneios coletivos. A mudança deve começar dentro dos nossos consultórios, frente a frente com nosso cliente, prestando um serviço de qualidade. Chega de defender uma postura na retórica e agir de outra forma.
Já estou até escutando daqui… “Mas se eu parar de atender convênio morro de fome!”. Pois bem, como diria o Capitão Nascimento: “Ou você se omite, ou você se corrompe, ou você vai para a guerra!”. Procure alternativas honestas de remuneração e pare de reclamar. Tome alguma atitude, faça algo diferente, vá para a guerra!
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